O Ceilândia foi derrotado pelo Luziânia no primeiro jogo da decisão do Campeonato Candango de 2016 na tarde deste sábado, no Estádio Nacional, por 2 x 0.
O Ceilândia pagou o preço por meses e meses de descaso na preparação do um time. O Ceilândia sempre soube que o somatório dos interesses individuais de seus jogadores não era e jamais seria igual ao interesse do time. Tolerou por várias razões. Tolerou porque sabia do baixo nível técnico da competição e porque individualmente era e é o melhor time da competição.
Essencialmente, tolerou por acreditar que nos jogos decisivos, talvez diante da perspectiva do título, os figurões do time fossem capazes de abrir mão de projetos individuais em prol dos objetivos da equipe. O time é muito arrogante e isso já fora notado anteriormente. Culpa dos jogadores? Com certeza, mas eles não podem ser os únicos culpados.
De modo geral, esqueceu-se que meses de descaso com aspectos técnicos e disciplinares cobrariam o preço no detalhe. O futebol cobrou seu preço tal qual o jogo de voley em que as parciais são 25×23, 32×20 e 27×25, mas que no resultado, ainda assim, apresenta o placar de 3 x 0. O detalhe fez a diferença no dia de hoje. Quase não ganha jogo, muito menos campeonato.
No jogo de hoje o resultado foi 2 x 0. O Ceilândia foi o time do quase: Quase fez 1×0 com Claudecir, quase fez 1×0 com Klécio, quase fez 1×0 com Allan Dellon, quase diminuiu… e ficou no quase pelo detalhe.
O Luziânia foi um time. E, jogando como time, apenas esperou que as oportunidades surgissem e as aproveitou. Primeiro com Tatuí, aos 27 do segundo tempo. Depois com Thiago Mariano, aos 43 do segundo tempo.
O jogo teve dois tempos distintos. O Ceilândia do quase foi melhor no primeiro tempo.
No segundo tempo, um Ceilândia sem pernas, se arrastando em campo, incapaz de lutar, viu o Luziânia comandar as ações. No geral, sempre houve uma diferença: na maior parte das vezes em que chegou, o Luziânia estava em condições de concluir, embora não concluísse. O Ceilândia até chegava na defesa do Luziânia no segundo tempo, mas sem condições de concluir.
No futebol você é o resultado de seu trabalho. Os trabalhos não foram bons. O resultado idem.
Badhuga era incapaz de desarmar os adversários. Parecia, como pareceu em 2016, haver perdido o tempo de bola e a explosão que o tornaram o melhor zagueiro do futebol local nessa década. Foi seguidamente envolvido pelos adversários.
Liel, que jamais conseguiu aproximar-se do peso ideal, e Didão pareciam não falar a mesma língua. No segundo tempo, pareciam incapazes de lidar com a marcação do Luziânia e, pior, incapazes de fazer o simples ou de procurar soluções que se poderiam esperar de jogadores tão experientes. Esperava-se que fosse mais solidários.
Allan Dellon era um fantasma correndo de um lado para o outro, incapaz de criar uma única jogada de perigo. Klécio, embora convertido no atacante mais perigoso do Ceilândia, estava sempre fazendo sombra, dando a falsa impressão que marcava quando não marcava.
Mais à frente, Bruno Morais era de uma inutilidade flagrante e talvez um símbolo desse Ceilândia que saiu humilhado do Estádio Nacional: corria, corria, corria… mas corria como se corresse para si.
O mais assustador foi não ver uma palavra de incentivo de um jogador para o outro. Erra-se e não se pede desculpas. O Ceilândia é um time pouco solidário.