A voz de Adelson tem um tom de amargura que só cede diante do vigor de suas convicções. Adelson começa dizendo que está nervoso. As palavras dizem menos que o coração sente.
Ele vai direto ao ponto. O resultado diante da Anapolina o incomoda. Mais que o resultado: a forma como o time jogara. Repassa o jogo diante da filmagem. Discute erro por erro.
O interlocutor é direto e vai ao ponto: Na apresentação, Adelson dera a entender que o futebol local joga um futebol ultrapassado… Adelson reage, num misto de surpresa e indignação. Indignação mais retórica que real.
No dia da apresentação do elenco, Adelson dissera que o seu time jogaria um futebol moderno, tão moderno quanto a característica dos jogadores permitisse. Menos de um mês, oscila entre a resignação e a indignação.
Adelson defende seus comandados, mais que a si mesmo. Meio como se quisera convencer-se, combate o futebol moderno e o fato de todos jogarem igual.
Adelson para, pensa. Olha para o próprio time e admite que quis, mas talvez por limitação própria, talvez por limitação de seus comandados, ainda não conseguiu.
Adelson não contemporiza com o pouco tempo de trabalho. É severo consigo mesmo, como deveria ser, como são as pessoas responsáveis.
No final, admite que é muito difícil fazer que um jogador de repente passe a jogar diferente. Não em um mês.O futebol mudou nos últimos quatro anos e as cicatrizes do 7×1 ainda não fecharam. Os jogadores precisam entender.
Adelson baixa os olhos, como se olhasse para o nada. Volta-se para o jogo de sábado. Está tenso. O problema, diz, é que é preciso pensar no campeonato e o campeonato é muito curto. Finaliza dizendo ou deixando entender que uma vitória é como um bálsamo milagroso: cura feridas e ansiedades.
Adelson sai… vai comandar um treino tático… Adelson ainda é um homem incomodado, procurando achar soluções…
O interlocutor permanece observando… os comandados também parecem confusos… Os jogadores esforçam-se… isso fica evidente. Ninguém questiona.
Os jogadores estão preocupados. O observador anota que todos estão tensos… Adelson se solta um pouco: Aêêê… elogia o cruzamento de Kabrine. É Pouco… mas já é um começo.