Brasília, Gama, Sobradinho e Ceilândia são os únicos remanescentes da elite do futebol local dos anos 70 na primeira divisão dos dias atuais.
No final dos anos 70 e início dos anos 80, o Brasília era a maior força do futebol local.
Em 1983, o Ceilândia lutava com dificuldades pela própria existência. Já o Brasília fora tricampeão nos anos de 1976, 1977 e 1978, foram campeão em 1980 e, naquele 30 de junho de 1983, entrara em campo como campeão de 1982. Viria a ser campeão naquele ano e no seguinte, 1984.
O retrospecto dos confrontos, até então, era francamente favorável ao Brasília: até aquela noite ocorreram sete jogos, com sete vitórias do Brasília, incluindo um sonoro 6 x 0 no primeiro confronto.
O fato é que o Brasília entrou em campo precisando de um empate para sagrar-se campeão do primeiro turno. O Ceilândia, que estreava o técnico José Antônio (terceiro técnico que mais vezes dirigiu o alvinegro – o CeilandiaEC registra 34 jogos, com 7 vitórias, 14 empates e 7 derrotas – e que substituíra Raimundinho- 11 jogos, 1 vitória, 2 empates e 8 derrotas) cumpria tabela.
No final, para a surpresa de muitos, o Gato Preto venceu o então poderoso Brasilia por 2 x 1, gols de Marquinhos (em jogada de Auro) e do próprio Auro (em jogada de Marquinhos (posteriormente ficou nacionalmente conhecido como Marquinhos Bahia).
Ao final da partida, o presidente do Taguatinga Froylan Pinto veio com um cheque de Cr$ 300.000,00 (trezentos mil cruzeiros da época, algo como R$ 8.000,00 em dinheiro de hoje), valor muito superior à renda do jogo que fora de R$ 34.500,00 (novecentos reais em dinheiro de hoje).
Os jogadores do Ceilândia, apesar de todas as dificuldades vividas, recusaram a oferta do homem do Landau. O clima ficou tenso com o gesto nobre dos jogadores do Gato Preto. Ao final, contudo, depois de muita discussão optou-se por dar um destino mais nobre ainda ao valor que foi repassado a uma instituição de caridade o Lar de Assistência ao Menor Abandonado da Dona Geni então localizado na QNM 29 de Ceilândia.
A partir desse confronto, Ceilândia e Brasilia se enfrentaram 59 vezes e o retrospecto nesse período é favorável ao Gato Preto: São 23 vitórias do Ceilândia, 19 empates e 18 vitórias do Brasília.