A cidade de Ceilândia acordou ainda atônita com a notícia da morte de Beni Monteiro, ex-presidente do Ceilândia Esporte Clube.
José Beni Monteiro Oliveira era uma pessoa no mínimo controvertida, mas os seus feitos no campo futebolístico são inegáveis.
A história de Beni Monteiro e do Ceilândia Esporte Clube se cruzam em 1996. Naquele ano, por uma série de razões, o Ceilândia foi abandonado e abandonou o campeonato candango no meio da competição. Em campo, o time foi apelidado de faz-me-rir, nem tanto pelo elenco, mas pelos resultados obtidos em campo, fruto da total desorganização dentro e fora de campo.
Beni Monteiro e os Almeida assumiram o Ceilândia Esporte Clube. Dois anos depois, em 1998, o CEC, que quase fechara as portas, voltava à primeira divisão, colecionando títulos nas categorias de base.
Foram anos difíceis. Beni Monteiro gostava de fazer política no futebol, os Almeida gostavam de fazer futebol. A junção entre as duas faces do modelo brasileiro de fazer futebol demorou para dar resultado.
Sem recursos, o Ceilândia EC foi entregue, em 2004, nas mãos de Sergio Lisboa, o Serjão. Naquela época o Ceilândia já se firmara como uma força do futebol local. Serjão deu uma upgrade no Ceilândia, colocando-o no cenário nacional.
Anos depois, Serjão e Beni entraram em rota de colisão e Beni e os Almeida retomaram o comando do futebol do Ceilândia. Dois anos depois o Ceilândia sagrou-se campeão do DF.
Agora, vinte anos depois o Ceilândia Ec vive um momento diferente. É uma das forças do futebol local.
A perda de Beni é inestimável por várias razões: as dificuldades do dia-a-dia permanecem. Beni reconhecia que fazer futebol no DF é humanamente impossível. Já não havia mais paixão em suas palavras, mas apenas a expressão da mais dura realidade.
Beni era capaz de entender e falar a linguagem do modelo de organização do futebol brasileiro e por isso fará falta, muita falta.
A missão de Beni está concluída. Fica o agradecimento e um sentimento desconfortável da perda, uma enorme lacuna que dificilmente será preenchida.