Aleatoriamente o SiteCEC lançou uma pesquisa no Google com as palavras: show filetype:pdf site:buriti.df.gov.br. A intenção é apenas uma, a de ver, aleatoriamente, quanto custa um show. Depois de 11 milhões de reais no carnaval, uma pequena parte dos clubes vai dividir 700mil reais. O Distrito Federal, acertadamente, exigiu que os clubes apresentassem estar em dia com as obrigações trabalhistas e tributárias, algo quase impossível no futebol do Distrito Federal.
O futebol do DF vive das benesses do Banco de Brasília há muito tempo. Nâo fora isso, obviamente não existiria.
Se fosse dividir os 700 mil reais pelos 12 clubes igualmente, cada um dos times teria uma ajuda de aproximados 56 mil reais pelos cinco meses de competição ou algo como 11 mil reais por mês.
Pois bem, voltando à busca aleatória. A busca aleatória apontou como primeiro resultado o Diário Oficial do DF do dia 16 de fevereiro de 2012. Ali, dentre diversas contratações para eventos, a primeira é a contratação de empresa de eventos por R$ 55.000,00. Na mesma página há quatro outros contratos, todos com dispensa de licitação e igual ao primeiro, todos para a festa de final do ano de apenas uma cidade satélite: Total : R$ 150.000,00 por um único dia de festa.
O Ceilândia começou a se preparar em dezembro. O campeonato vai até 19 de maio de 2012: cinco meses. O comércio não ajuda. A competição entre os grandes grupos é pequena ou não existe. Há muita demanda.
As construtoras também não ajudam, nem precisam. As construtoras regulam o mercado a partir da Terracap ou é o contrário. A verdade é uma só: A competição é pequena ou não existe. Há muita demanda.
As empresas do setor de serviço também não ajudam, nem precisam. As empresas do setor de serviço constroem a sua fortuna prestando serviços ao Distrito Federal. A competição é pequena ou não existe. Há muita demanda.
O setor de eventos também não ajuda, nem precisa. As empresas de evento sobrevivem prestando serviços ao Estado. A competição até que é grande, mas está controlada pelo Estado já que é este quem diz quando e onde realizará o evento.
O setor publicitário também não ajuda, nem precisa. As empresas de publicidade sobrevivem prestando serviços ao Estado. Até mesmo grandes veículos de comunicação da cidade dependem da publicidade estatal.
O setor de saúde também não ajuda, nem precisa. São poucos os hospitais privados e a sua clientela é basicamente formada por servidores públicos.
Em suma: o futebol do Distrito Federal é vítima das próprias mazelas da unidade federativa que o abriga. Os setores econômicos importantes do Distrito Federal dependem enormemente do Governo ou sobrevivem às custas deste. As empresas não precisam competir entre si, basta ter o seu nicho de mercado respeitado.
Por essa e por outras razões que o futebol local é estatizado. Ele não pode nem consegue ser diferente. A diferença entre o CeilândiaEC e a festa da virada é que o Ceilândia funciona o ano inteiro. Alguém pode não estar vendo, mas nesse momento há 150 crianças pensando no treino de amanhã, nas semi-finais do Society, na Copa Agap, no Campeonato do Distrito Federal. Uma criança desta não tem preço, imaginem 150.
ps: Não se diga que o Ceilândia pode ficar rico vendendo o passe de um desses meninos. Isso não vai acontecer: o CEC e os outros times, até onde se sabe, não tem condições de bancar um contrato. Pela lei Pelé, só se vende aquilo que se tem.